Laboratório recém-inaugurado, no campus da USP em Ribeirão Preto, usa a técnica Crispr-Cas9 para gerar camundongos transgênicos para pesquisas científicas. O novo serviço colocará à disposição da comunidade científica local a mais avançada plataforma capaz de editar com precisão genes em qualquer célula viva.
Trata-se do método Crispr-Cas9, sigla que significa Conjunto de Repetições Palindrômicas Regularmente Espaçadas. Funciona como uma “máquina molecular”, que é inserida em células de embriões em fase inicial por meio de injeções de DNA.
A técnica é inspirada no “complexo Crispr”, que atua como sistema imunológico de bactérias. Através dele, a proteína Cas9 – que integra o Crispr – é capaz de fazer buscas no DNA de vírus invasores dessas bactérias, por exemplo, e identificar trechos de material genético para posterior ataque.
Nas células dos embriões de camundongos em fase inicial, a plataforma da USP possibilita aos cientistas identificar e modificar o gene ou os genes que interessam a experimentos específicos, criando o animal com características ideais.
O laboratório funcionará ligado à Prefeitura do Campus e à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP e beneficiará pesquisas desenvolvidas pelo principal patrocinador do laboratório, o Centro de Pesquisas em Doenças Inflamatórias (Crid), um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão financiados pela Fapesp no campus da USP em Ribeirão Preto, e por toda a comunidade científica local.
Gestão facility para serviço de nível internacional
A geração dos camundongos será feita no modelo de facility. “É um modelo de laboratório aberto à comunidade, porém quem solicita deve arcar com os custos. Esses custos são transferidos ao laboratório, que direciona o dinheiro para ser investido novamente no projeto. Teremos inclusive uma agenda on-line. O modelo ainda está em implantação”, diz o coordenador do laboratório e pesquisador principal do Crid, Thiago Mattar Cunha.
Segundo Cunha, essa iniciativa é fundamental não apenas para as pesquisas desenvolvidas pelo Crid, mas para toda a comunidade científica do campus já que “a importação de camundongos transgênicos não é tão simples no Brasil”.
Além disso, continua o pesquisador, “vamos poder gerar nossos próprios camundongos deficientes para proteínas que o Crid descobriu no âmbito das doenças inflamatórias. Isso vai ser um projeto bem importante, já que o laboratório vai atender a toda a comunidade científica”.
Lembra ainda que o impacto da iniciativa nas pesquisas ultrapassa essas facilidades e confere maior visibilidade internacional ao Crid e à própria Universidade. “Possuir uma plataforma, uma facility como essa, atrai colaboradores. A gente ganha em vários aspectos. Mesmo em universidades muito boas você não tem um laboratório como esse, que englobe todos os passos, desde gerar o embrião, fazer a injeção pró-nuclear e gerar o camundongo. Poucas universidades fazem isso.” Com informações da USP